O início da luta desarmada (ano lectivo 2018)

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Amanhecia a noite do dia após a comemoração do início da Luta armada. O espírito combativo para com a missão Pedagogica começava a ganhar contornos em minha mente. Já é dia 37 e ainda não sei o que é ser remunerado por uma profissão que escorregou na minha vida. Até hoje pergunto aos meus ancestrais, que pecado cometi para amar esta profissão do professorado.

Saio de casa pela manhã para a devida radiografia matinal sobre o momento que marca o dia: O início das aulas neste ano lectivo de 2018.

Por um lado, rostos alegres pela primeira vez que envergam um uniforme escolar, por outro o mais do mesmo e por outro ainda, a tristeza e a insatisfação carimbadas em cada rosto barbudo e rugas causadas pelo cal pedagógico que envenenam pulmões que já há muito sobrevivem calcinados.

Pela honra e pela Pátria, pela missão e pelo patriotismo.

Uns já dizem: “Enquanto eles fingem que nos mandam nós fingimos que obedecemos”.

Qual orgulho na profissão que consegue mascarar-se de parcas economias olhando no rosto da criança que vai à escola sem comer? ” Eu sou professor, meu filho; não tenho salário para comprar um lanche pra você. Perdoa-me”.

Professores combatentes: Hoje é o dia do início da nossa Luta desarmada, as aulas. Levantemos nossas vozes em liberdade, vistamos nossas batas, ergamos nossos paus de giz e com o rosto triste de saúde vamos firmes ensinar os “futuros” do nosso país.

Angola avante, mas se fizermos uma revolução acabamos mal.

Estamos obrigados a fazer o nosso papel porquê as crianças não têm culpa nisso. Se calhar somos nós os culpados. É uma missão nobre e de louvar. É o nosso bom pecado. Queira um dia o Santo dos professores velar por nós porque se dependermos de quem nos paga, acabaremos mártires da Pedagogia.
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