Ao longo dessa situação que se vive passado nove meses no País e no mundo há informações exacerbadas a respeito de certas mudanças e de certas realidades que vão surgindo. Alguns sectores de trabalhos encerrados, jovens e membros de família de forma injusta desempregadas pelo facto de não cometerem crime algum que atendendo somente a situação de pandemia foram afastados dos seus postos de trabalho sem poderem reivindicar os seus direitos. Famílias entregues a Deus dará nos lugares proibidos devido a aglomeração, mas que pela condição social são lançados como peixes miúdos as ruas para poderem safar as panelas das mãos cruzadas, insistindo que a melhor forma de morrer é de barriga cheia e de boca vazia facto reprovável pela sociedade.
A sociedade pode ser definida como um conjunto de indivíduos que se relacionam e comungam os mesmos objectivos ou bens comuns. Assim sendo, a sua finalidade deve ser aproveitada e consumida igualmente para todos, onde todas estratégias devem estar relacionadas aos interesses de todos, nunca num espaço onde alguns são criados e educados para servirem a classe dominante de forma obrigatória.
Hoje o que se vê é um panorama que causa insónia até mesmo ao cego que não precisa mais de auxílio de um objecto para tal, quando as suas mãos são palpáveis para sentir como a própria visão humana, facto que de tanto se ver é imprescindível olhar mesmo com os olhos secos para não derramar o mar de lágrimas pela vida dos outros que gostariam de ter o mínimo do pouco que temos, o que não conjuga falar ao néscio não saia porque lá fora há maior probabilidade de alcançar o perigo quando o estômago encontra-se roto e na barriga a lombriga se apodera das suas tripas pela falta de comida.
A falta de comida é a porta da raiz quadrada para toda maleficência, é o pensamento que dispara no coração de uma pessoa que anseia o pão ou um prato de comida, não que seja um bitoque ou outros quitutes requintados da terra, até mesmo aquele que lhe dá o prazer de raspar a panela para saborear o queimado e estar repleto, por isso se tem multiplicado o número de criminalidade na cidade, as prostitutas se manifestando porque os clientes estão escassos, as quitandeiras chorando pelas ruas vazias sem gente para comprar o seu negócio, lojas e supermercados isolados, boutiques as moscas e salões de eventos ofuscados. Mas ainda assim há mesmo gente que prefere morrer perdidamente nas calçadas dessa cidade do que num lugar fechado onde só a solidão e a noite espreitam a sua sorte.
Há sim, tudo porque essa gente não encontra uma luz no oceano que lhe faça encarar sua esperança com exultação. Sua história começa num balde de promiscuidade e termina no lixo. De certo que ainda há nesta senda pessoas com outras páginas viradas, aquelas trabalhadoras domésticas que por força das circunstâncias pensam que também haja um obstáculo em pensar direito quando deviam ultrapassar os caprichos dos patrões no tocante a sua honra por troco miúdo se vendem, as secretárias que afirmam mudar de vida pelo facto de alugarem as suas nádegas aos chefes, imagino agora com o covid -19 o maior causador neste tempo da instabilidade psíquica, piora a fraqueza de muitos.
A fraqueza de muitos deve-se a eventualidade da classe dominante ser superior, que alcança o território dos fracos, e que os mesmos se submetem a posição dos mais necessitados a procura de algo que preencha o vazio. Para a maioria essas necessidades vão engrandecendo progressivamente principalmente quando as pessoas desenham as suas montanhas (seus objectivos) e a forma como alcançar a sua altitude de forma clara ou obscura. Tudo porque o cérebro não se encontra no lugar em que devia estar, mas sim no lugar do contratempo, porém ceifando ventos.
É assim que ao se impor uma vida tudo se desmorona, tudo porque a intenção expressada não difunde as melhores e necessárias para se viver, tanto que há proliferação de maus hábitos e costumes contaminando o mundo inteiro, num século que não há diálogos, não há competências, não há as mais amplas avaliações dos quadros nos sectores de produção, onde não se valoriza o homem como capital intelectual, como parte integrante de toda e qualquer organização de uma empresa pós só com isso se pode obter bons resultados.
Apesar das exigências sociais, convém que a juventude deve ser investida primeiramente pela educação do berço na fase infantil, onde os pais ou membros da família não padeçam das mais básicas necessidades no dia-a-dia. As mais básicas necessidades no seio familiar vão estimular a paz, a boa convivência familiar no sentido de levar a juventude para fora sem medo, sem receio, sem culpa nenhuma, a encarar o sol com empatia, sem frustração de uma guerra que podia deixar em casa.
O cérebro deve encontrar-se ali no lugar de conforto, onde a vida escorrega sem dificuldade nenhuma, onde deve agir com a razão e de forma justa identificando através de um corpo alguém que possa desfrutar do seu trabalho, suas aptidões e criatividades sem os porquês de revolta numa terra em que tudo tem seu tempo de validade. O cérebro tem essa função de causar maior impacto aos cientistas deste tempo sem bajulação de poder nenhum para não estar no lugar do contratempo.