“Zungueiras” de Luanda lamentam pressão da Operação Resgate mas mantêm actividade

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A venda ambulante desordenada na capital angolana persiste, uma semana após o início da Operação Resgate, com maior incidência na zona do Bairro de São Paulo, onde as vendedoras continuam a efetuar o comércio em passeios ou berma das estradas.

Nem mesmo da presença policial inibe as conhecidas “zungueiras” em comercializaram os seus produtos na via pública, desde o ovo à bicicleta, argumentando que, apesar da “pressão diária das autoridades”, é dai onde conseguem o “sustento dos filhos”.

Numa ronda efetuada, a Lusa constatou a presença maciça das vendedeiras, espalhadas um pouco pela capital angolana, mas com uma presença considerável na zona do São Paulo, um dos maiores centros comerciais a céu aberto em Luanda.

A Operação Resgate, que teve início a 06 de novembro, tem como propósito, segundo as autoridades angolanas, combater as transgressões administrativas, venda ambulante desordenada, a imigração ilegal e ordenar a circulação rodoviária entre outros.

Para as “zungueiras”, a “luta pela sobrevivência” obriga-as a enfrentar as correrias diárias dos “agentes da fiscalização e da polícia nacional”, porque a persistência em comercializar produtos na via pública acontece devido à “falta de mercados e ou de feiras”.

“É muita corrida, estamos desapontadas. Aos que roubaram o dinheiro do país [as autoridades] deram-lhes noves meses para devolver o dinheiro. Nós, que estamos aqui a trabalhar para sustentar os filhos, somos obrigadas a sair em menos de uma semana”, disse à Lusa a vendedora Luísa Luciano António, de 51 anos.

A vendedora lamenta a “pressão diária” dos agentes da polícia e da fiscalização, afirmando não existirem espaços nos mercados adjacentes para efetuar o comércio com normalidade.

“A polícia diz que a Operação Resgate é para as pessoas não venderem na rua, mas não há mercados, não há emprego, tenho filhos, e receio que eles se desvirtuem para o roubo e prostituição”, lamentou, afirmando desconhecer a versão das autoridades, que afirmaram haver disponíveis 31.000 lugares em mercados e feiras no país.

“O Estado tem de ver isso. Primeiro tem de resgatar o dinheiro que está no exterior”, defendeu.

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