O volume de negócios fechados na primeira edição da Feira Comercial Intra-Africana (IAFT)2018, que decorre na cidade do Cairo, Egipto, desde o dia 11 do corrente, atingiu, até ontem, os 23 mil milhões de dólares, declarou à imprensa angolana a directora do evento, Kanayo Awani.
Ao fazer um pré-balanço do que foram os primeiros seis dias do certame, Kanayo Awani revelou que foram realizadas cerca de 600 reuniões entre empresas, com negócios “praticamente fechados”.
“O Banco Africano de Importações e Exportações (Afreximbank) disponibilizou 25 mil milhões de dólares para o reforço do comércio intra-africano e, em seis dias, fechámos acordos acima de 90 por cento deste valor”, afirmou.
Em 2017, lembrou, o Afreximbank, adoptou um plano estratégico de cinco anos, denominado “Impacto 2021: África transformada” destinado a promover o comércio intra-africano, facilitar o desenvolvimento de exportações, através da industrialização do continente.
A estratégia, prosseguiu, é financiar o comércio intercontinental com 90 mil milhões de dólares, através de corporações africanas, numa base de rotatividade até 2021.
Deste valor, 25 mil milhões foram colocados à disposição dos empresários africanos na feira do Egipto.
Em função dos resultados, disse, o evento, que reuniu 1.100 expositores de 80 países africanos, asiáticos e europeus, num espaço de 42 pavilhões, foi “um sucesso”.
Hora de balanço
A feira encerra hoje, mas ontem, alguns expositores angolanos já faziam o balanço da sua participação. É o caso do grupo empresarial Bruno Miguel Pegado (BMP), cujo presidente do Conselho de Administração, que dá o nome à firma, revelou ter feito 48 contactos de negócios.
No centro dos contactos que afirma desenvolve na feira, disse, está um projecto para a construção de uma fábrica de automóveis na vila do Waku Kungo, província do Cuanza- Sul, com capacidade para 1.200 viaturas, ligeiras e pesadas, por mês.
Em declaração ao Jornal de Angola, Bruno Pegado disse que o empreendimento, avaliado em 58 milhões de dólares, vai fabricar turismos, carrinhas e camiões, com a marca “Pegado”.
O projecto, que integra uma componente formativa, segundo o empresário, vai gerar cerca de mil postos de trabalho, estando pronto para ser executado, dependendo apenas de financiamento bancário.“
Apresentamo-lo há alguns anos à Banca Nacional para possíveis financiamentos, mas até hoje não obtivemos sinal algum. Lançámos o projecto aqui no Cairo e a recepção foi boa da parte de instituições como o Afreximbank e da Sociedade Privada de Fundos Egipcios”, indicou. Para hoje, disse,o grupo tem um encontro agendado com consultores do Afreximbank, para o início das negociações sobre o financiamento. Empresários da Tunísia, Qatar, Líbano, Arábia Saudita, África do Sul e Zâmbia, segundo Bruno Pegado, já manifestaram interesse em criar representações da marca.
Caso o financiamento seja concretizado, sublinhou, a construção da fábrica será concluída em 24 meses.
Empresa angolana emite títulos verdes
A empresa angolana de soluções energéticas (Aenergy) anunciou para o próximo ano a emissão de Títulos Verdes (Green Bonds) para financiamento de projectos de ener-gias renováveis e híbridas em Angola e Ghana.
O anúncio foi feito pela directora financeira da empresa, Ana Justo, em declarações ao Jornal de Angola, à margem da Feira Comercial Intra-Africana (IATF) 2018, que decorre na cidade do Cairo, capital do Egipto. Para dar corpo à iniciativa, disse, a empresa assinou um acordo de cooperação com o Banco Africano de Importação e Exportação (Afreximbank), que vai disponibilizar 400 milhões de dólares para o efeito.
A identificação dos projectos, segundo Ana Justo, teve em consideração as categorias de projectos elegíveis para os Princípios de Títulos Verdes (“Green Bond Principles”- “GBP”), com a contribuição da Aenergy e do Afreximbank, para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono em África. Os Títulos Verdes, universalmente conhecidos por “Green Bonds”, são instrumentos financeiros de financiamento de dívida com recursos dirigidos a uma economia sustentável.
Com 400 colaboradores em Angola, a Aenergy foi criada em 2012. A empresa tem como principais focos as áreas de Energia, Transportes e Água. Além de Angola, está presente no Ghana, Camarões, Moçambique, Namíbia e São Tomé e Príncipe.