Cidadãos no Kilamba escavam buracos em busca de ferros para vender

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Escavar buraco em busca de ferros para vender tornou-se a maior actividade que muitos homens, mulheres e até mesmo crianças, que vivem em bairros adjacentes a centralidade do Kilamba, adoptaram para sustentar as suas famílias.

Em zonas florestais da centralidade do Kilamba, dezenas de moradores, dos bairros junto a cidade, escavam buracos de cerca de 3 metros de profundidade para poderem encontrar ferros e depois “pesar”.

Cada saco cheio de ferro com diversos tipos chega a custar no máximo 500 kwanzas, sendo que o mais barato é comercializado no preço de 250 kwanzas.  No entanto, em média, cada catador leva para a casa pelo menos 4 mil kwanzas por dia.

Uma equipa de reportagem do portal Kilamba News falou com a dona Rita Sebastião, 59 anos, tendo confessado que já está há 1 ano, e que a actividade de escavação para encontrar ferro tem lhe ajudado a sustentar os cinco filhos.

“Já não tenho marido. Eu procuro esses ferros para pesar e quando peso me dão dinheiro. Por dia faço uns 3 ou 4 mil kwanzas. E com esse dinheiro já consigo comprar pão, café e manteiga para dar aos meus filhos”, comentou.

Para fugir do sol ardente que fazia durante a nossa reportagem, Rita Sebastião, natural do Uíge, que aparentava abatida, descansava debaixo de uma das árvores junto ao buraco onde retira os ferros. Passava das 13h e a senhora ainda não tinha almoçado.

“Estamos a sofrer, meu irmão jornalista. Nós só somos importantes em tempo de eleição. Depois de passar já não existimos. Aqui onde estou ainda nem já um bolinho meti na boca”, lamentou.

Para além da dona Maria, Madalena Samuel, 66 anos, também da província do Uíge, é outra catadora de ferro na centralidade do Kilamba. Segundo ela, é melhor escavar buraco para encontrar ferro do que ir à lixeira apanhar “comidas podres para comer”.

“Começo às 6h e paro só no fim da tarde. Eu escavo o buraco com as mãos. Não tenho trabalho. A vida aqui em Luanda é difícil, mas vou lutar para dar de comer os meus dois filhos. O meu marido não trabalha”, relatou a catadora

Os desejos são iguais, pois em uma única voz as famílias pedem apoio ao governo. Teresa António lamenta a falta de apoio por parte das autoridades governamentais.

“Não temos nada para comer e a administração do Kilamba quer nos tirar daqui. Não vamos aceitar. Ou eles nos matam, ou ficamos aqui”, assegurou, garantindo que após terminarmos nessa zona vamos procurar outra área para vermos se encontramos mais ferros.

A administração do distrito urbano do Kilamba reprovou a atitude desses cidadãos, por conseguinte, garantiu que vai impedir a actividade que considera ilegal.

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