Hoje logo de manhã, recebi uma notícia vinda da minha esposa durante uma conversa que tivemos. Ambos somos praticantes e utilizadores de ginásios, por isso a notícia caiu com um certo peso: os ginásios que funcionam nas escolas da centralidade do Kilamba deverão encerrar até à segunda semana de junho, concretamente entre os dias 15 e 16.
Para quem conhece a realidade do Kilamba, sabe que esta medida tem implicações profundas. Esta cidade, relativamente nova — com pouco mais de 10 anos — foi construída com várias estruturas habitacionais e escolares, mas com uma grande carência de infraestruturas sociais.
Na ausência de ginásios públicos, muitos destes espaços foram surgindo dentro dos próprios ginásios das escolas, sob gestão privada.
Esses gestores assumiram não só a responsabilidade de organizar treinos, como também colaboraram com as escolas: pagavam serviços de limpeza, reparavam carteiras, trocavam lâmpadas, compravam materiais, entre outros apoios essenciais para o funcionamento básico dos estabelecimentos escolares — especialmente num contexto de dificuldades orçamentais.
Essa dinâmica foi sendo mantida ao longo dos anos, com base numa relação de benefício mútuo e de serviço à comunidade. Contudo, apesar de já haver há algum tempo conversas entre os gestores e as autoridades, a evolução desse diálogo não tem sido das melhores. E agora, finalmente, foi anunciado que esses espaços terão de encerrar.
E o que se perde com isso?
Muito. Perde-se saúde, convívio, bem-estar. Perde-se um espaço onde muitos encontravam equilíbrio físico e mental, onde jovens se ocupavam de forma saudável, onde adultos aliviavam o stress do dia a dia, onde famílias encontravam um espaço para crescer juntas.
Também se perdem negócios. Pequenos empreendedores que investiram muito — compraram máquinas, equipamentos, adaptaram espaços, formaram equipas — veem-se agora diante da incerteza, do risco de falência, da falta de alternativas viáveis.
Perdem-se postos de trabalho. Instrutores, assistentes, técnicos, pessoal da limpeza. Pessoas que dependem directamente dessas estruturas para o seu sustento.
Não se trata de questionar a autoridade do Estado em gerir os seus espaços. Mas trata-se, sim, de apelar a um olhar mais amplo e humano. De pedir que se pondere, que se dialogue, que se construam alternativas reais antes de se impor encerramentos que afectam tantas vidas.
O Kilamba merece mais. Merece políticas públicas que cuidem das pessoas. Que reconheçam iniciativas comunitárias que funcionam. Que tragam soluções que unam, em vez de dividir.
Que esta partilha seja um convite à empatia e à responsabilidade partilhada. Que as decisões sejam tomadas com olhos postos em quem mais sente os seus efeitos.
Que Deus abençoe a sua jornada e lhe dê sabedoria para ouvir, ponderar e agir com empatia e justiça.
Receba o carinhoso e apertado abraço, bem como a promessa de voltar para mais partilhas matinais.
N’gassakidila.
Por: Lídio Cândido (Valdy)
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