Terminal rodoviário do Kilamba nunca funcionou e continua em estado de abandono

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O primeiro Terminal Rodoviário Interprovincial Urbano de Passageiros (TRIPUP) do Kilamba, foi inaugurado com pompa e circunstância e direito a grande cobertura na comunicação social pública a 22 de Junho de 2022, sendo que no site oficial do ministério dos Transportes ainda se pode ler a propósito desta infra-estrutura que “construído de raiz, com um investimento global de cerca de dois mil milhões de kwanzas, o recinto vai receber , em média, dois mil passageiros por ano em 14 viagens por hora”.

Dois anos e meio depois ainda não entrou em funcionamento

O Expansão deslocou-se a semana passada ao local e percebeu que desde a sua inauguração o terminal encontra-se em completa estagnação, ou seja, um nado-morto, já que até hoje nenhum operador de transporte demonstrou interesse em realizar embarques ou desembarques no espaço construído pela Grow Engineering. Passados quase 30 meses, a imagem que fica é de um terminal assombrado, com matagal à volta e redes de protecção com sinais de invasão.

O pó nas paredes e nos imóveis – que se pode observar pelas janelas vidradas – acentuam ainda mais o cenário desolador de um parque que foi irrigado com champanhe na altura da inauguração e nos dias seguintes foi esquecido. A explicação parece simples. Foi mal projectado, como infelizmente muitas obras públicas, nasceu sem condições de funcionamento, por não contemplar infra-estruturas de transporte urbano agregadas ao recinto, como também pela insuficiência de espaço para acomodar os operadores dos serviços interprovinciais. Com um investimento de dois mil milhões Kz, que à data da inauguração correspondiam a 4,76 milhões de dólares, o terminal rodoviário foi construído para oferecer mais dignidade aos passageiros interprovinciais e aliviar o trânsito urbano em Luanda, visto que albergaria (albergará) grande parte do fluxo de embarque e desembarque dos viajantes das 16 províncias que têm conexões terrestre directa ou indirecta à capital País.

Operador privado

No dia da inauguração, Jorge Bengue, secretário de Estado para os transportes terrestres, assegurou aos convidados e operadores de transportes interprovincial, que “estava em carteira o lançamento de um concurso público para a exploração do espaço, mas o recinto encontrava-se à disposição de todas as operadoras rodoviárias”. Em Janeiro de 2023, em declarações à RNA, o secretário de estado disse mesmo que o nome do novo operador para este espaço seria conhecido nas próximas semanas.

Entretanto o tempo passou e até à data, nem os operadores se movimentaram para o terminal, nem o concurso foi lançado, deixando a infra-estruturas em estado de paralisia total desde a sua abertura ao público. O Expansão remeteu um questionário a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), entidade tutela pelo Ministério dos Transportes e responsável pelo projecto apesar das promessas de resposta durante mais de uma semana, até ao fecho desta edição não obteve qualquer resposta.

Segundo, os operadores de transporte rodoviário interprovincial, que falaram à nossa reportagem, a infra-estrutura não atende às necessidades, por ter deficiência de outros equipamentos do sistema de transporte, como paragens de taxistas e de transporte público, que permitiriam proporcionar maior fluxo àquela infra-estrutura, além de faltar espaço construído para aglutinar os grandes operadores do mercado. “Há no mercado operadores com terminais maiores e com grande fluxo de passageiros.

Acreditamos que o Governo terá pensado pouco em construir um infra-estrutura daquelas com intuito de atrair os operadores, os transportes rodoviários são parte de um sistema, não se pode pensar isoladamente. É necessário que haja a interoperabilidade de várias modalidades”, explicou fonte do Expansão.

Conforme uma outra fonte, o terminal rodoviário do Kilamba não vai ser capaz de atrair os grandes operadores que possuem frotas extensas de autocarros, pois necessita de espaço adequado para a manutenção dos veículos, acomodação de passageiros e demais infra-estruturas de suporte, semelhantes às que encontramos nos grandes terminais privados de Luanda.

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