Moradores recusam-se a ir para o KM44

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Os moradores do prédio número um da Rua Rainha Njinga, vulgarmente conhecido por “Treme-Treme”, recusam a ser realojados na urbanização Quilómetro 44, localizada no município de Icolo e Bengo, por falta de transparência no processo e de condições na zona.

Geovane Victor, morador há 30 anos, disse que a contestação está a ser feita por habitantes do prédio e não por marginais “Queremos que o processo seja transparente, porque está viciado e com critérios pouco claros”, apontou Geovane Victor, afirmando que a comissão de moradores não está interessada em resolver o problema da maioria dos moradores e o Ministério do Ordenamento do Território e Habitação quer desalojar sem um diálogo aprofundado.

Ao lamentar “a falta de transparência no processo de realojamento”, Geovane Victor explicou que “a posição de quem vive no prédio deve-se ao facto de apenas os membros da comissão de moradores, familiares e amigos constarem da lista dos que vão ser transferidos para a centralidade do Cazenga”.

Das 250 famílias, o Ministério do Ordenamento do Território e Habitação pretende transferir 50 para a centralidade do Cazenga e as demais para o Quilómetro 44, urbanização localizada junto ao novo aeroporto internacional de Luanda, ainda em construção.

“Gostaríamos de perceber como foi feita a selecção e a verdade é que nem o Ministério nos consegue explicar”, declarou Geovane Victor.

A recusa dos moradores seleccionados para viver no Quilómetro 44 aumentou depois de alguns terem visitado, há dias, a urbanização, onde constataram não haver escolas do ensino secundário e médio nem estabelecimentos de saúde.

“Há apenas uma escola do ensino primário”, acentuou Geovane Victor, admitindo que, caso a transferência para aquela urbanização aconteça, os jovens podem parar de estudar, uma vez que não vão poder ir à escola no centro da cidade por falta de transporte e dinheiro.

Aborrecido pela forma como o processo está a ser conduzido, Geovane Victor defendeu que “todos os moradores deviam ser alojados num único local”.

Os moradores estão a criar uma nova comissão para dialogar com o Ministério do Ordenamento do Território e Habitação, colocando fim ao trabalho da anterior que, segundo eles, negociava para benefício próprio e dos seus familiares.

Geovane Victor referiu que, nesta altura, o grupo de moradores insatisfeitos já constituiu um advogado, que vai ajudar nas negociações com o Ministério do Ordenamento do Território e Habitação.
Os moradores garantem que “na lista há nomes de pessoas estranhas, que não residem no prédio”.

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