Um estudo enquadrado na linha de pesquisa sobre o uso recreacional de substâncias psicoactivas, realizado num dos bairros da cidade de Malanje,revela o quão preocupante é a situação da esmagadora maioria dos jovens dos 18 aos 37 anos de idade que se dedicam ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas.
O coordenador do Projecto sobre Uso Recreacional de Substâncias Psicoactivas, virado ao estudo sobre o comportamento de jovens, Edu-ardo Ekundi, revelou ao Jornal de Angola que no estudo em referência o trabalho foi direccionado a jovens com idades entre os 18 e 22 anos, com 43 por cento, seguido dos jovens dos 23 aos 27, com 30 por cento, mas, também houve indivíduos com idades mais avançadas, dos 33 aos 37 anos com apenas sete por cento.
Do estudo realizado, sabe-se que o grupo alvo, consome de tudo um pouco, mas que a substância psicoactiva mais mencionada foi o álcool, com 65 por cento, o vinho com 14 por cento, Whisky 17 por cento e a Kapuca, uma bebida caseira, com três por cento.
“O quadro é assustador! Se repararmos num universo de 100 participantes, 92 por cento consomem algum tipo de bebida alcoólica, que nesse caso chamamos de uma dro-ga lícita, que também esteve associada ao relato do consumo do tabagismo, que esteve na ordem de 42 por cento. Portanto, concluímos que 92 por cento faziam uso de al-guma bebida lícita. Os jovens de 18 aos 22 anos, numa escala de 10 por cento, estão a beber e a fumar muito cedo e fazem o uso recreactivo de produtos farmacêuticos como o diazepam, sem qualquer indicação médica”, disse .
Eduardo Ekundi precisou que os jovens estão “a todo o custo” a buscar diversas formas de se expor: “39 por cento, além da nicotina, que é o tabaco normal, faziam uso da cannabis (liamba) e não só. Estão a agregar outras substâncias que têm outras implicações no seu comportamento”, frisou para acrescentar : “Do total de 42 por cento que faz uso do cigarro, 39 por cento consomem li-amba. Estas substâncias alteram o comportamento das pessoas. Veja que 47 por cento dos participantes disseram que já tiveram problemas fa-miliares decorrentes do uso dessas substâncias”.
O nosso interlocutor fez saber que 47 por cento das famílias inquiridas tiveram problemas decorrentes do consumo excessivo de bebidas alcoólicas por parte de alguns membros.
“A Academia está a fazer o seu papel”
Eduardo Ekundi disse que a instituição que coordena está a fazer o trabalho de trazer à tona um problema que assola a sociedade. “O passo seguinte será o de discussão deste problema com os diversos actores sociais, com vista a encontrar-se solução”, disse, acrescentando que “é necessário envolver as forças vivas da sociedade, como a própria juventude, as famílias, as igrejas e órgãos do Governo, pois é preocupante que 55 por cento dos jovens, segundo estatísticas, não tenham ocupação”.
“A falta de ocupação, de algum modo”, prosseguiu, “contribui para o descami-nho de muitos jovens. A so-ciedade tem de abordar esse assunto”, disse.
Crianças na rua
O fenómeno “Crianças na Rua” ainda continua a ser uma realidade em Malanje. É visível o número de crianças que faz das ruas o seu albergue, acomodados em papelões que usam como colchão e cobertor, expostos a todo tipo de perigo.
A esse respeito, Eduardo Ekundi considerou que as crianças que vivem nas ruas estão sujeitos a influências negativas. “Temos relatos, por exemplo, de crianças que vi-vem na rua que inalam gasolina e outras substâncias voláteis.Na última reunião do Conselho de Auscultação Social sobre o HIV, decorrida em Malanje, apurou-se que, 74 por cento dos jovens que participaram do mesmo evento, tiveram relações sexuais sem preservativo, em consequência do consumo de substâncias psico activas”, sublinhou.