BPC vai fechar balcões

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O Banco de Poupança e Crédito (BPC) referiu hoje que vai manter a política de encerramento de balcões e de despedimento de funcionários, no quadro da reestruturação e do saneamento da instituição.

A indicação foi avançada pelo presidente do conselho de administração do BPC, Alcides Safeca, no Lubango, capital da província da Huíla, à margem do lançamento de uma linha de financiamento apoiada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

“Vai haver, sim, o despedimento de pessoal”, declarou Alcides Safeca, lembrando que o processo de reestruturação e saneamento tem uma componente de otimização do pessoal e de redução de custos, com a qual foram encerradas, entre abril e agosto, 14 balcões do maior banco angolano, estatal.

Segundo o presidente do conselho de administração do BPC, o processo vai continuar na região sul do país, com o encerramento de um dos balcões do banco nas capitais das províncias da Huíla, Cunene, Namibe e Cuando Cubango.

Alcides Safeca afirmou que o processo de reestruturação do BPC decorre a “bom ritmo” e prevê diferentes ações no domínio da gestão, o que já acontece em várias unidades orgânicas e dos processos internos do banco, imprimindo um “maior rigor às ações dos colaboradores e direção” da instituição.

“O banco está a trabalhar para melhorar a sua eficiência na prestação de serviços aos clientes”, adiantou, referindo que houve também outras ações, além da gestão e do saneamento da carteira no balanço do banco.

Alcides Safeca adiantou que, apesar do encerramento de agências, a expansão dos serviços bancários continua, no cumprimento pleno do que foi aprovado pelos acionistas da instituição e reforçado na assembleia-geral, realizada em maio.

O responsável do BPC adiantou que terminou, em junho, o processo de repasse do crédito malparado (no montante de cerca de 2.500 milhões de euros), o que permite que o banco volte a conceder empréstimos, ao contrário do que aconteceu em novembro de 2017, quando, ao anunciar novas operações de crédito, o banco não tinha sequer estas questões equacionadas.

Em julho de 2017, questionado pela agência Lusa, o anterior presidente do conselho de administração do BPC, Ricardo d’Abreu, indicou que o banco tinha 500 mil milhões de kwanzas (2.546 milhões de euros) na carteira de crédito malparado e que emitiu uma dívida pública no valor de 231 mil milhões de kwanzas (1.170 milhões de euros) a favor da sociedade Recredit, também estatal, que vai gerir os créditos problemáticos da banca angolana, a começar pelo BPC.

O BPC fechou as contas de 2016 com um prejuízo de 29,5 mil milhões de kwanzas (150 milhões de euros), resultado que justificou com as “decisões assumidas pelo atual conselho de administração”, de constituir 72,7 mil milhões de kwanzas (370 milhões de euros) para “imparidades e provisões” do exercício de 2016.

Assim, fica refletida nas contas uma perda potencial ou efetiva de quase 400 milhões de euros em créditos concedidos anteriormente.

Em 2016, o BPC tinha 443 agências em todo o país, com 5.530 trabalhadores, tendo Ricardo d’Abreu garantido então, que o plano de reestruturação não passava, para já, por despedimentos ou fecho de balcões, mas por outras medidas de poupança interna.

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