Banco Económico apresenta a II Edição do Ciclo de Cinema Messu

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Banco Económico apresenta a II Edição do Ciclo de Cinema Messu

O Banco Económico, em parceria com a This Is Not A White Cube, realiza a II Edição do Ciclo De Cinema Messu, sob o tema “Geração Da Utopia – Os Cinemas Das Independências”, com curadoria de Maria Do Carmo Piçarra. A edição deste ano vai decorrer nos dias 26, 27 e 28 de Setembro e nos dias 2, 4, 9 e 11 Outubro, no Auditório Banco Económico, em Luanda.

Na sequência do sucesso registado na primeira edição, que homenageou o cinema angolano, a segunda edição do Ciclo de Cinema Messu celebra “A geração da utopia – os cinemas das independências”, relembrando o internacionalismo cinematográfico e pan-africanismo que uniu a “Geração da Utopia”. Esta edição conta com a projecção de obras nascidas no âmbito das lutas de libertação nacional na África de língua portuguesa.

Além disso, serão apresentadas pesquisas actuais, feitas pelas novas gerações nascidas na pós-independência, sobre como o cinema, a fotografia e a rádio foram usados como armas, através das linguagens do documentário e da videoarte que olham, retrospectivamente, as marcas da vivência colonial e reflectem sobre as novas identidades nacionais.

Ao todo, este ciclo de cinema conta com sete sessões, nas quais serão apresentadas mais de 10 obras, de seis países, nomeadamente, Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Itália, Guiné-Bissau e Cabo Verde. A II Edição do Ciclo de Cinema Messu conta com a curadoria de Maria Do Carmo Piçarra, professora universitária, investigadora e programadora de cinema.

Programação

26 de Setembro

1ª Sessão

Ante Estreia

Filme 1 #O canto do Ossobó – Silas Tiny

2017 – 99 minutos, Documentário

Sinopse: Rio do Ouro e Água-Izé foram as maiores roças de produção de cacau em São Tomé e Príncipe durante o período colonial português. A sua produção chegou a ser a maior a nível mundial, no princípio do século XX. Aqui, milhares de homens e mulheres foram marcados pelo trabalho forçado em regime equiparado à escravatura. A roça relembra o poder e domínio, injustiça e dor. Hoje, a degradação alastra pelo espaço pondo em risco a preservação da memória colectiva santomense. Após trinta anos de ausência, Silas Tiny regressou para encontrar os vestígios desse passado.

27 de Setembro

2ª Sessão

Filme 2 #Deixem-me ao menos subir às palmeiras… – Joaquim Lopes Barbosa

1972 – 71 minutos, Histórico e Ficção

Sinopse: Um dia, o capataz violenta sexualmente Maria, filha de Madala. Incitada à revolta, Madala não só não reage à ofensa como aceita a garrafa de vinho que o capataz lhe oferece. Acaba por sucumbir ao sofrimento, físico e emocional, o que provoca a revolta dos trabalhadores. Rodado em Moçambique, com o apoio de Malangatana, ainda antes da independência, é falado em Ronga e foi interpretado quase exclusivamente por negros. Foi proibido pelo Estado Novo português e antes do 25 Abril de 1974 não teve estreia comercial.

28 de Setembro

3ª Sessão

Filme 3 #La vittoria è certa – Lionello Massobrio

1971 – 82 minutos, Histórico; Documentário; Ficção

Sinopse: A norueguesa Randi Krokaa interpreta uma jornalista que entra clandestinamente em Angola para reportar a luta de libertação. Este documentário ficcional, produção da Luanda Cine de Roma e do Departamento de Informação e Propaganda do MPLA, reconstitui as dificuldades vividas no terreno, desde a entrada no país, a necessidade dos clandestinos permanecerem escondidos durante o patrulhamento da Força Aérea portuguesa, até à dura caminhada para o acampamento, numa zona libertada, onde a jornalista registará o quotidiano dos pioneiros do campo de Ngangula. Falado em italiano e português.

2 de Outubro

4ª Sessão

Filme 4 #Djambo – Chico Carneiro, Catarina Simão

2016 – 52 minutos, Documentário

Sinopse: O filme acompanha Carlos Djambo, um antigo fotógrafo-guerrilheiro, numa viagem de revisitação aos locais onde documentou a luta de libertação e o processo de reconstrução de Moçambique após a Independência.

Filme 5 #Kuxa Kanema, o nascimento do cinema – Margarida Cardoso

2003 – 52 minutos, Documentário

Sinopse: A primeira acção cultural do Governo moçambicano, após a independência em 1975, foi a criação do Instituto Nacional do Cinema (INC).
Os cinemas são nacionalizados e as unidades de cinema móvel vão mostrar, por todo o país, a mais popular produção do INC, o jornal cinematográfico Kuxa Kanema. O seu objectivo era “filmar a imagem do povo e devolvê-la ao povo”. É através dessas imagens, e das palavras das pessoas que as filmaram, que se dá a conhecer o percurso de um ideal de país, que se desmoronou, pouco a pouco, com o ideal de “um cinema para o povo”, e com os sonhos das pessoas que um dia acreditaram que Moçambique poderia vir a ser um país diferente.

4 de Outubro

5ª Sessão

Filme 6 #Nelisita – Ruy Duarte de Carvalho (a ser validado)

1952 – 64 minutos, Histórico; Ficção

Sinopse: A fome domina o mundo. Apenas restam duas famílias e um dos seus homens parte em busca de comida encontrando um armazém onde certos “espíritos” guardam enormes quantidades de géneros alimentícios e roupas. Apropria-se do que pode transportar e volta mais tarde, acompanhado pelo seu vizinho, que acaba por denunciá-los aos “espíritos”. Estes aprisionam todos menos uma mulher grávida, para que ela venha a ter o filho. Assim nasce Nelisita, aquele que se gerou a si mesmo e que consegue ludibriar os “espíritos”. Trata-se da adaptação de duas peças da tradição oral nyaneka.

9 de Outubro

6ª Sessão

Filme 7 #A embaixada – Filipa César

2011, 39 minutos, Documentário

Sinopse: O filme aborda os códigos de representação da antiga lei colonial portuguesa na Guiné-Bissau e o conflito de regras, perspectivas e modos de produção de memórias diferentes. Um álbum de fotografias representa a perspectiva do colono, que fotografou paisagens, pessoas e arquitectura com perplexidade e rigor documental, nos anos 1940 e 1950.

Filme 8 #Pabia di nos – Catarina Laranjeiro

2013, 59 minutos, Documentário

Sinopse: Na Guiné-Bissau, quarenta anos depois da guerra, os que aderiram ao movimento de libertação e os que lutaram no exército colonial põem em cena uma multiplicidade de discursos e memórias irreconciliáveis.

11 de Outubro

7ª Sessão – sessão de encerramento

Filme 9 #Republika – César Schofield Cardoso

2013, vídeo-instalação multimédia, 8’30’’+2’30+1’30’’

Sinopse: Em #nacionalidade (8’30’’) recria-se o ciclo de conquistas de soberania, seja pela tomada de consciência do povo cabo-verdiano, através da música e da palavra, do direito à autodeterminação, seja pelas conquistas políticas da independência e da democracia ou, até mesmo, simbolicamente, pelas vitórias internacionais da equipa nacional de futebol.

Sinopse: #territorialidade (2’30’’) Preocupa-se com a noção de território, ar, terra, mas sobretudo mar, o imenso mar, outrora símbolo de evasão, atualmente espaço de invasão, pelos tráficos, pela circulação sem autorização ou pela delapidação dos recursos marinhos por grandes unidades pesqueiras estrangeiras.

Sinopse: Em #identificabilidade (1’30’’) olha-se para as representações e identificação dos indivíduos, operações essas naturalmente transportadoras de conceitos e preconceitos. Ou de como, ao longo dos tempos, nos representamos a nós próprios.

Filme 10 #Canhão de boca – Ângelo Lopes

2016, 52 minutos, Documentário

Sinopse: No contexto de luta de libertação de Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral usava a expressão “Canhão de Boca” para se referir à Rádio Libertação. Este é um documentário sobre a construção da liberdade em Cabo Verde, a partir da rádio, que combina dois tempos, o presente e o passado histórico. Sintoniza, assim, tanto a frequência das vozes do contemporâneo, a economista e comentarista Rosário Luz e o diretor da Rádio Morabeza, Nuno Ferreira, como as da Rádio Libertação, com Amélia Araújo, locutora das emissões em português – a voz mais conhecida da rádio criada em 1967 – e que foi crucial para difundir os ideais do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Biografia da curadora

Maria do Carmo Piçarra é professora universitária, investigadora e programadora de cinema. Co-editora da ANIKI – Revista Portuguesa da Imagem em Movimento – foi adjunta da presidência do Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia (1998-1999) português. Publicou, entre outros livros e artigos, “Azuis Ultramarinos”, “Propaganda Colonial e Censura no Cinema do Estado Novo” (2015), “Salazar Vai ao Cinema I e II” (2006, 2011), e coordenou, com Jorge António, a trilogia “Angola, o nascimento de uma nação” (2013, 2014, 2015) e, com Teresa Castro, “(Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire” (2017).

Eventos complementares

Paralelamente à exibição dos filmes irão, também, ser realizados painéis de debate sobre temas actuais do panorama da sétima arte, em Angola. O encontro “Cinema e a Memória Colectiva” tem como base o retrato das acções culturais em Angola para conservação da memória cinematográfica angolana. Este debate acontece no dia 4 de Outubro com a moderação de Jorge António e conta com a presença de José Mena Abrantes, Domingos Magalhães e o realizador Fradique (Mário Bastos).No dia 11 de Outubro está programado o painel sobre “Dinamismo no Cinema Angolano enquanto arte, realismo, utopia ou militância”, com a presença de Edson Macedo e Paulo Azevedo.

Esta é mais uma iniciativa do Banco Económico e da This is Not a White Cube para a valorização e divulgação da arte e cultura em Angola, que vem reforçar o compromisso que o banco assume na promoção cultural no País. O Banco Económico desenvolve a sua estratégia de responsabilidade social empresarial através da realização de programas e acções nas áreas da cultura e artes, educação, saúde, desporto e ambiente.

A This is Not a White Cube Gallery (TINAWC) é uma galeria de arte angolana que representa artistas contemporâneos, angolanos e estrangeiros, com foco em África e no desenvolvimento de projectos artísticos e culturais. A galeria assume-se como plataforma de representação, experimentação, afirmação e lançamento de projectos, exposições, comissões de artistas, amostra de colecção, projectos de residências artísticas, arquivos, workshops, palestras, filmes, pesquisas, simpósios e publicações.

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Ficha técnica

II Edição Ciclo de Cinema MESSU – A Geração Da Utopia – Os Cinemas Das Independências

Auditório Banco Económico – Rua do 1º Congresso nº 8, Luanda

Datas – 26, 27 e 29 de Setembro | 2, 4, 9 e 11 de Outubro

Horário – 18h

Curadoria – Maria Do Carmo Piçarra

Organização e Produção – This is Not a White Cube

Realização – Banco Económico

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