O custo de vida em Luanda aumentou 29,3% em Julho, face a Junho de 2021, o pior registo nos últimos 4 anos, como se pode depreender do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) divulgado, nesta quinta-feira (12), pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em termos mensais, a inflação aumentou 2,3% em Julho face a Junho, influenciada pela comida em 2,8% elevando a inflação acumulada para a 16,8%. Já a inflação anual acelerou 0,6 pontos percentuais (pp) para 29,3% é necessário recuar até Junho de 2017 para encontrar um registo tão elevado.
A nível nacional, os preços registaram um aumento de 2,1% em termos mensais, elevando a taxa acumulada para 14,5%. Já a inflação homóloga foi de 25,7% o maior registo nos últimos 4 anos quando se situou nos 26,3% em Outubro de 2017. Os dados apresentados pelo INE revelam também que a inflação está fora do controlo.
Depois da capital, as províncias onde o custo de vida mais subiu, em Julho, foram a Huíla e Lunda Norte, ambas com 2,3%. Zaire e Huambo com 2,2%. As províncias que registaram menor variação nos preços foram: Cuanza Sul com 1,9%, Cunene com 1,9%, Moxico com 1,9%, Cuanza Norte com 1,8% e Bié com 1,7%.
Das 12 classes que servem de base para o cálculo da inflação nacional, a classe alimentação e bebidas não alcoólicas com 2,6% foi a que registou o maior aumento de preços, segue-se a classe de mobiliário, equipamento doméstico e manutenção, com 2,0%, saúde com 1,98% e vestuário e calçado com 1,96%.
Os preços continuam a subir onde dói mais aos angolanos, ou seja, onde não se pode evitar o consumo. No caso de Luanda, a alimentação representa 58,6% das despesas das famílias.
Desde 2019 que o salário dos angolanos não é reajustado o que reduz ainda mais o poder de compra das famílias, pode-se concluir que praticamente as pessoas só ganham para comer.
A inflação anual de 2021 foi revista em alta de 18,7% para 19,5%, meta que os especialistas defendem que não será alcançada, tendo em conta a fraca produção nacional e as limitações impostas na importação de bens, sobretudo da cesta básica.
Especialistas têm justificado o aumento dos preços com choque na oferta, ou seja, há uma redução causada pela seca em algumas províncias do Sul de Angola e as medidas impostas para combater à COVID-19 que impõe restrições a mobilidade de transportação dos produtos agrícolas do campo para Luanda que é o principal centro de consumo do País.
Apontam igualmente a praga de gafanhotos no Cunene e na Huíla, como a causa da redução na oferta de produtos agrícolas, o que tem influenciado para o aumento dos preços.
FONTE: MERCADO