A morte de uma cientista ou o nascimento de um ser político?

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O conceito de “animal político” foi mencionado por Aristóteles fazendo referência ao homem. Ele afirmou que o homem é um ser que necessita de coisas e dos outros, sendo, por isso, um ser carente e imperfeito (…)


Nos últimos dias vimos, aquando do novo pacote de exonerações e nomeações protagonizado pelo governo encabeçado por sua excelência o presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, alguns cidadãos e habitantes deste nobre país e proximidades a debaterem sobre as novas escolhas que o executivo decidiu ter no seu novo elenco governativo. Alguns já não são tão novos assim dado o currículo de benevolentes actos governativos misturados a algumas trapaças administrativas que levaram a visitar locais onde a justiça é debatida com rigor e onde o martelo faz ordem. Nas variadas abordagens que proliferaram as redes sociais e que levaram cidadãos conscientes a esboçarem opiniões sensatas e, umas até, com carácter frívolo, tocou-se muito no ponto da nomeação da mais nova detentora da pasta governativa do pelouro da Cultura, Ambiente e Turismo, a bióloga Adjany Costa. As diferentes vozes escritas faziam menção a idade, outros a sua “incapacidade” administrativa e outros até a pouca experiência política para arcar com o peso que é agora o aglutinado de ministérios. A referida sumidade reconheceu na sua tomada de posse que os desafios que se avizinham devem ser encarados com muita responsabilidade, o que é óbvio, acto que é pedido a todos os detentores de cargos públicos. É claro que é uma tarefa difícil, a priori, por ser um novo ministério porque todos cidadãos e habitantes de boa índole desta nação auguram o sucesso. Espera-se que a mesma comece a formar uma equipe de trabalho competente capaz de dar respostas as inúmeras questões que inquietam os cidadãos e habitantes deste país que dependem directamente dos actos administrativos pouco rentáveis, ou não, que daí advêm.


Há um ditado que diz: “Quem trabalha naquilo que ama não está a trabalhar, está a divertir-se”.

A então nova Ministra da Cultura, Ambiente e Turismo é uma renomada cientista, bióloga, ictiologista e conservacionista. Tem também o mestrado em biologia marinha. Até antes da sua nomeação, ela actuava como directora de projectos do Okavango Wilderness Project (Projecto da região selvagem de Okavango) que é um esforço plurianual para explorar e pesquisar a bacia do rio Okavango em África para proteger o seu ecossistema vital. Quem a acompanha nos seus projectos sabe-a como uma amante daquilo que faz pelo empenho que emprega na execução das tarefas. Trabalha(va) naquilo que gosta. A natureza, ao que tudo indica, é o seu escritório natural.


Cogitou-se também se a mesma foi contactada para assumir este desafio ou a nomeação foi feita no imperativo. Ouve-se muito pouco ou quase nada mesmo sobre governantes que se negaram a estar a frente de um determinado cargo admistrativo. A princípio todos foram contactados para os mesmos.


Sendo a mais alta mandatária do sector, terá, ao que tudo indica, suas actividades coordenadas e bem delimitadas não dando a possibilidade de, enquanto estiver a dirigir o ministério, ter de sair para voltar as atividades que sempre fez com muita satisfação e profissionalismo. Neste interím, a questão que se coloca é a seguinte: Não estará o governo a “matar” os desideratos de uma cientista colocando-a a trabalhar longe do seu habitat de “eleição”? Angola conta com apenas dois biólogos renomados, o Dr. José Luís Mateus Alexandre e a agora ministra Adjany Costa. Não seria mais fácil continuar a apostar na sua carreira como cientista injectando somas financeiras para dar continuidade do trabalho que até ao momento antes da nomeação ela fazia com brio? Ou existe uma vontade enorme de “matar” uma cientista e fazer nascer um ser político com capacidades ainda por descobrir? Esperamos todos que ela tenha capacidade de pensar com a própria cabeça, coisa que não parece ser assim tão fácil ou permitida nos meandros políticos partidários.

Que não seja nem uma nem outra. Que seja a vontade do governo em conduzir o país para novos paradigmas e que a maioria governada sinta os benefícios das inúmeras remodelações que têm estado a acontecer de forma muito frequente, muitas até sem darem a possibilidade de elaboração e execução de projectos.

Por: Edy Lobo

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