A botija de gás doméstico está a ser vendida, em algumas zonas da cidade de Luanda, a 3.500 mil kwanzas contra os anteriores 1.200 kz. A su-bida, segundo algumas pessoas, deve-se à procura, desde que foi anunciado o Estado de Emergência.
Pelas ruas, há várias pessoas com botija vazias de gás à cabeça à procura do produto. Nas agências de venda, observou-se filas enormes, que podem significar uma certa precipitação da população, uma vez que a Sonangol garantiu trabalhar ininterruptamente para que não haja ruptura no stock.
Agentes revendedores confirmaram à reportagem do Jornal de Angola que a escassez do produto no mercado e, consequentemente, o aumento do preço deve-se à procura. Dizem, também, que boa parte dos clientes compram mais do que uma botija a fim de vendê-las a preço especulativo.
Para prevenir eventuais especulações, alguns agentes tencionam apenas vender uma botija de gás cada cliente, mas receiam que a medida pode não resultar, porque uma mesma pessoa pode comprar botija a um revendedor e vendê-la a outro.
Miguel Caculo, gerente de uma agência de gás no bairro Hoji-ya-Henda, município do Cazenga, em Luanda, disse que teve de aguardar 11 dias para receber o gás no estabelecimento. Acrescentou que, à medida que o tempo foi passando a procura era maior, o que originou um aglomerado de pessoas junto à agência.
Apenas, segunda-feira, pelas 10horas, receberam o gás de cozinha. Uma garrafa de seis kg estava a ser comercializada a 700 kwanzas, de 12, a 1.500, de 51 a 5.600. Na agência “Casa Tio Chico”, na zona do São Paulo, uma garrafa de 12 kg era vendida a 3.500. O gerente, que não quis identificar-se, reconheceu que os preços estão altos, afirmando que isso se deveu à procura e por ter recebido o produto tardiamente. O gerente da “Casa do Tio Chico” diz ter adquirido o gás a 2.800 kwanzas, na agência da Vila Alice. Para ele como quem compra espera ter lucro, decidiu comercializar a 3.500 kwanzas.
Mendes André disse que o gás constitui um problema nos dias de hoje, argumentando que mesmo nos postos de combustível da capital, onde habitualmente adquiria, não há. “Tive de me deslocar à “Casa Tio Chico” para adquirir o produto a um preço que considero especulativo”.
“Realmente está difícil. Tive de andar pelas bombas de combustível e não havia gás. Apenas encontrei aqui. Há agências que estão a vender a botija de 12 kg a quatro mil kwanzas”, lamentou, mostrando-se esperançado que, a seu tempo, “as autoridades tomem conta da situação, punindo os oportunistas”.
Na agência da Vila Alice, na rua Eugénio de Castro, a fila era enorme. Houvepessoas que pernoitaram no local para adquirirem o produto. Branca Simão, uma das funcionárias da agência, admitiu que há falta do produto no mercado e que nos últimos tempos têm recebido poucas quantidades, daí a dificuldade de dar resposta à procura.
A funcionária da agência disse que os clientes continuam a fluir ao local e por dia são comercializados cerca de 60 garrafas, que considera muito poucas, atendendo à demanda.
A falta de gás de cozinha preocupa as pessoas.Há cerca de 15 dias que se observa a falta dele, particularmente as garrafas de 12 kg. Tal situação tem provocado com que os agentes revendedores alterem os preços.
Carolina Fernandes, 38 anos, considera absurdo a atitude dos agentes, muitos dos quais aproveitam o período de quarentena para facturarem, quando a lei diz o contrário. Admitiu que os casos são mais frequentes nos bairros periféricos , onde o preço da botija está a disparar a cada dia, por serem locais que concentram grande número de pessoas.
Sonangol tranquiliza população
Sonangol anunciou, na sexta-feira passada, 27, que iniciou a fazer o reabastecimento dos postos de venda de gás, face ao aumento da procura do produto no mercado, principalmente em Luanda, onde continuam a registar enchentes em vários pontos.
Citado pela Angop, o director do gabinete de Comunicação e Imagem da Sonangol, Dionísio Rocha, garantiu não haver falta de gás de cozinha no país, sublin hando que mais botijas serão postas em circulação.