MARATONAS IRRESPONSÁVEIS EM TEMPOS DE QUARENTENA

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O décimo terceiro dia da quarentena dos 14 impostos por lei, cá pelas bandas de Camões, já se despedia. Nestes longos e duradouros dias de isolamento social aconselhado pelas autoridades de saúde e do governo português, o tédio e o medo completavam qualquer frase de desejo que tentava despontar no seio de cada um de nós. Fomos chamados a responsabilização, pela primeira vez, de salvar o mundo não fazendo coisa alguma, ou seja, estando em casa apenas a fazer aquilo de que não estávamos muito habituados a fazer.

Pela vizinhança do Bom retiro, em Vila Franca de Xira, o silêncio imperava com saúde. Cheirava tranquilidade e da boa culinária portuguesa que também invadia sorrateiramente nossos estômagos fofoqueiros por via do olfacto. Ao contrário do que se ouvia em muitos lares, que a monotonia ocupava e invadia relações, parece que por cá não é bem assim. Existe uma independência nalguns lares. Cada um com o seu telefone, tendo o seu dia para passear com o cão e a vida avança. Dentre as regras de precaução e contra proliferação do vírus que está na moda, existe uma que permite que podem ser realizados exercícios físicos na rua sendo no máximo duas pessoas por vez.
Mas como em todo mundo teimosia há em escalas consideráveis, quando o dia já se despedia colocando o sol em posição quase que horizontal para dar lugar a lua, 7 ou 8 jovens, entre rapazes e meninas, com idades correspondidas entre a irresponsabilidade e a maior idade decidiram dar uns toques numa bola de futebol próximo a um campo de futebol salão que por sua vez estava encerrado por orientações superiores. A princípio já violavam uma lei de precaução. Aquilo a mim chamou a atenção e comentei com o meu tio a tamanha irresponsabilidade dos imberbes dizendo que chamaria a polícia. Mas não o fiz.

O distrito organizado que é, todos os dias pelas 17h30 minutos passa o carro do pão. Desço para comprar o pão. De repente vejo um aglomerado a correr disperso. Cada um na sua direcção. Nunca tinha visto, desculpem o termo, “brancos” a correrem com os rostos apavorados de medo na luta pela sobrevivência num lugar que não fosse na tela em filmes ou seriados. Porquê corriam os marmanjos? ERA O “CAVERÃO” QUE ACABAVA DE CHEGAR. Um carro grande da polícia portuguesa com espaço suficiente dentro para serem “espancados” e levados a reflectir pela tamanha irresponsabilidade social por 30 minutos, todos os teimosos e simpatizantes da irresponsabilidade.

A coisa é séria. As regras também já foram adoptadas em Angola com maior incidência para a capital, Luanda, onde as nossas forças de defesa são obrigadas a fazer “educação física-consciente” em tempos de pandemia, dando corrida e porretes aos renitentes.

Mas agora é sério: nunca tinha visto na vida real um “branco” apavorado. Pretos como eu já vi bwe. Aliás é nossa praxe viver apavorados tanto que, quando uma benção refastela-nos, usamos do adágio popular mais comum que alegra qualquer céptico: Quando a esmola é demais o santo desconfia.

Por: Edy Lobo

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