Empresários têm leituras diferentes sobre empréstimos da China

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Formas de pagamento e aplicação dos financiamentos levantam dúvidas

O Governo angolano conseguiu u novo empréstimo no valor de dois mil milhões de dólares junto do Executivo da China, durante a visita que João Lourenço realizou esta semana a Pequim.

Em Angola, alguns economistas questionam as condições dos empréstimos e a aplicação do dinheiro, enquanto outros consideram que o Governo fez bem.

O economista Carlos Rosado de Carvalho entende que a insistência na busca do dinheiro chinês e nos moldes em que ele é processado nunca é bom para quem recebe e obriga o receptor a sujeitar-se aos caprichos de quem doa o dinheiro.

“Ainda nos vamos arrepender disso, não é que eu diabolize a dívida a China, se os recursos forem bem usados, bem investidos que venha a dívida, mas nos moldes actuais nos endividarmos para pagar salários a função publica, para sustentar as mordomias dos aviões, etc., e isto é que nao devemos fazer”, defende o director do jornal Expansão.

Quem também não vê com bons olhos este novo empréstimo é a economista e deputada pela bancada da UNITA, Albertina Navemba Ngolo, para quem nos moldes em que vem o dinheiro privilegia quem oferece o financiamento que traz as suas empresas, empregados e materiais.

Esta postura, para Ngolo, retira aos empresários nacionais a possibilidade de participar nos projectos.

A deputada sublinha que o histórico dessa relação já demostrou que, com a China, Angola só teve desvantagens.

“Os principais empresários que vieram para Angola e que estavam envolvidos nos acordos com a China, no seu país, foram considerados
corruptos e por isso muitos deles estão presos, mas aqui em Angola ninguém foi preso ainda”, explica Ngola, reiterando não ser “totalmente contra a divida à China, mas sim o fim dado pelo Executivo angolano às antigas linhas de crédito.

“Dívida é boa”

Opinião diferente tem o empresário e presidente da Associaçao Industrial Angolana (AIA), José Severino, diz que foi boa a estratégia utilizada
por João Lourenço ao procurar financiamento em várias fontes.

“Permitiu-nos ir à China não com a bolsa vazia como era costume, já que não tínhamos acesso aos demais mercados financeiros internacionais, mas vimos com algum alívio, apesar de que só serem dois mil milhões de dólares quando se especulava em 14 mil milhões”, defende Severino, lembrando que isto não impede que “novos financiamentos venham da China pela sua grande capacidade financeira, via bancos”.

Aquele empresário não concorda, no entanto, com os moldes de contrapartida porque “pagar com petróleo é sempre um risco” devido instabilidade dos preços.

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