“Insegurança cibernética em Angola desencoraja investimento estrangeiro”, alerta especialista

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O ambiente de insegurança cibernética em Angola pode desencorajar investimentos estrangeiros e dificultar o crescimento de sectores que dependem da tecnologia digital, considera o especialista em cibersegurança, Fernando Samuel.

“As empresas e indivíduos podem perder dinheiro directamente através de fraudes online, ransomware, phishing e outros tipos de ataques cibernéticos”, disse o especialista, em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, apelando às empresas para que invistam em medidas de segurança adicionais, responder a incidentes de segurança e reparar danos causados pelos ataques, o que pode ser bastante oneroso.

Em Angola, segundo o especialista, os ataques cibernéticos geralmente são mais registados em hospitais e instituições de saúde, do governo e agências governamentais, incluindo ministérios, departamentos de defesa e outros órgãos governamentais que possuem dados sensíveis e informações confidenciais, em instituições financeiras públicas, como bancos estatais e outras entidades financeiras que lidam com grandes volumes de transações monetárias, assim como em universidades e escolas públicas, infra-estruturas críticas, sistemas de transporte público.

“Esses setores são frequentemente alvos de ataques, devido ao valor dos dados que armazenam e à criticidade de suas operações, tornando-os suscetíveis a diversas formas de ataque, como ransomware, phishing e ataque de negação de serviço (DDoS)”, referiu.

Entre os crimes cibernéticos mais comuns em Angola, apontou, estão a clonagem de cartões de crédito, transferências ilícitas via internet banking, venda simulada de produtos pela Internet, espionagem e incitamento à violência.

“Esses crimes têm causado significativos prejuízos económicos ao país”, afirmou Fernando Caetano, autor da obra literária “Crimes Cibernéticos”.
Para mitigar esses impactos, defende a necessidade da criação de um Centro de Estudos Respostas e Tratamento de Incidentes Informáticos (CERT) e a adesão de Angola à Convenção de Budapeste sobre crimes informáticos.

“É crucial que Angola invista em infra-estrutura de segurança cibernética, promova a educação e conscientização sobre cibersegurança e desenvolva políticas robustas para proteger contra crimes cibernéticos”.

Relatórios globais de segurança cibernética indicam que os ataques cibernéticos estão aumentando em todo o mundo, com perdas globais estimadas em trilhões de dólares anualmente. Entretanto, em Angola, as perdas financeiras podem estar estimadas em mil milhões kwanzas.

Angola é o segundo país em África com maior registo de ciberataques, conforme declarações do director nacional de cibersegurança do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), Hediantro Wilson Mena.

No entanto, no primeiro semestre de 2023, mais de mil ataques cibernéticos foram registados em empresas públicas e privadas do país. A banca foi alvo de 6,9% desses ataques, enquanto os telemóveis representaram 34,9%, principalmente devido à falta de medidas de segurança por parte dos usuários.

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