“Se não obedeceres vais para o inferno” e “Xé menino não fala política” são os mais populares dizeres que fazem/fizeram parte do crescimento de um cidadão comum desde que a história pós independência do país começou a ser redigida pelas almas frágeis e dedos trémulos de modos a manter viva alguma boa ou má recordação que poderia ser camuflada pelos beneficiados da vez.
Tanta coisa se tem dito/ouvido/lido e a cada aniversário infortúnio da data sangrenta, mais páginas outrora vivas vão se dissipando pela força da natureza, porque infelizmente ninguém ainda adquiriu a eternidade no mundo terráqueo; e ainda bem que assim o é.
Por cumplicidade dos dogmas religiosos vivemos durante anos a acusar o diabo como o único malfeitor e causador de todos os males. Hoje muitos sabem que afinal o diabo não é assim tão mau; se assim fosse, o ditado “Males que vêm por bem” não faria sentido algum. Obviamente que é preciso alguma maturidade emocional para se compreender isso.
Tanto lê-mos e estudamos; investigamos e desbravamos assuntos outrora proibidos pelas leis canónicas e Papais e descobrimos assuntos que deixam mal a igreja de Cristo e seus seguidores mesmo com o perigo de sermos chamados de hereges. Muitos já desafiam padres e bispos quando dizem “Se não o fizeres vais para o inferno”. Já ouvi pessoas dizerem que o inferno já não é nada quando se vive como se vive nalgumas zonas em Angola.
Se eu fosse juiz batia o meu martelo e dizia aos historiadores “CULPADOS”. Por conveniência de serviços ou por alguns interesses pessoais quer seja de ordem de sobrevivência estomacal ou financeira, não revelam o que realmente se passou no 27 de Maio de 1977. Todos os anos vamos ouvir coisas; as mesmas coisas mas com sinónimos diferentes. Será assim tão difícil fechar esse baú triste de uma vez por todas? Ou se o fizermos vamos declarar culpados àqueles que durante décadas viveram como anjos? Este assunto faz parte do popular adágio “Xe menino não fala política”; como me disse uma vez um adulto “cheio de razão”: Não estragues o teu futuro. É esse patriotismo mudo que queremos construir; é desta forma que dissemos que estamos a ajudar o país, quando nem capacidades ínfimas possuímos para chamar à razão aquele que não caminha no sítio certo.
É melhor mesmo manter-me na regra do país em que vivo. Mas até quando? Se o próprio diabo já não é ninguém…
O cartaz do nosso PRAVDA hoje, 27.05.19, anuncia: “RECORDAR PARA PREVENIR”. Não sei o que isso significa em jornalismo mas como pacato cidadão e leigo na matéria senti uma ameaça nas entrelinhas. Isto é somente eu e mais ninguém. Longe de mim querer arrastar pessoas maduras e independentes para um pensamento longínquo das reais intenções jornalísticas.
Num dia como hoje não sei se se canta parabéns ou se se reflecte para o bem… de uma maioria, obviamente.