O dia já se despencava. Enquanto o sol se despedia os céus anunciavam a chegada do objecto satélite chamado Lua e seus compadres amadores do breu. Cheia de pimpas e circunstâncias evidenciava a sua entrada como uma dama experiente que sabe o que quer, quando quer e como quer. No mesmo palco de chegadas estavam os citadinos que dizem que vivem no Kilamba quando na verdade é apenas dormitório. Uns carregando seus sacos de compras, outros carregando a má disposição facial, outros mesmo somente as “bikuatas” do serviço mas acredito que todos com a mesma vontade: descansar as nádegas nos confortáveis aposentos do lar.
Chegava eu com a mesma miscelânea de disposições. Um bom banho, uma comida quentinha e uma boa cama estavam no centro das atenções. Dirigia-me ao parque de estacionamento quando vejo o meu lugar ocupado por uma viatura que não era habitual por cá. “Deve ser já um atrapalhado que não sabe a função dessas placas e colocou o seu carro como o apeteceu”- murmurei com muita vontade de praguejar. Para evitar que o espírito dos meus antepassados
fossem invocados simplesmente decidi procurar um outro lugar para que o carro fosse
pernoitar.
Relatos de falta de segurança por cá têm sido mais do que comuns beirando até mesmo a normalidade. Vizinhos já ouvi em lamúrias porque quando saíam de manhã para ir trabalhar “encontraram o carro não estava”. Outros encontraram o carro mas vilipendiado pelos donos da noite, os sócios dos bens alheios: sem baterias, sem as placas e uns até descalços. A fúria instala-se. A decisão acertada é tomada: Vamos fazer participação à polícia. Como manda a regra somos atendidos e o reforço da segurança é garantido. Viaturas com as luzes acompanham as sirenes escondidas em sítios estratégicos para controlar movimentos menos agradáveis estavam na zona. Pontos para a nossa segurança pública.
Noutro dia chegava a casa e encontro-me com três jovens da polícia nacional que faziam ronda pelo meu quarteirão. Com a cara de poucos amigos circulavam juntos, preparados para abordar qualquer inimigo da paz. Não sabia o nome deles mas deduzi que fossem o Marcos, o Firmino e o Mateus (M.F.M) que faziam a ronda para garantir a segurança dos citadinos da minha banda. Qualquer semelhança com aquela Rádio é pura coincidência.
Nós gostamos assim. Senti muito por eles; trabalhar a noite já é difícil, quanto mais em zonas em que os chamados “amigos da razão” a.k.a gatunos fazem das suas.
É só coragem meus avilos da ordem pública.