Apesar de se considerarem todos como potenciais educadores, é ao professor que recai a consideração geral, no entender do secretário-geral do SINPROF, que apela aos colegas da classe o sentido de auto-superação gradual, perante às inúmeras dificuldades qu
Admar Jinguma, o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) reconheceu que, actualmente, os professores ´vivem´ esse dia sem muita animação, devido às situações sócio-económicas por que passam diariamente, motivadas pelo fraco poder de compra a que os seus salários estão submetidos.
O líder sindical encorajou as pessoas a olharem para a causa dos baixos vencimentos de forma frontal, ao invés de o minimizarem sempre, numa clara intenção de invocação mal entendida como moral-teológica, segundo a qual “Não só de pão vive o homem”.
“Mais um dia desse, uma ocasião festiva que é, inevitavelmente, virada para o professor, um essencial educador, que, querendo ou não, reflecte sempre sobre a sua actividade ou o seu trabalho diário, ou seja, a profissão docente que ainda não é bem remunerada tal como devia ser”, lamentou o secretário-geral, tendo realçado, que este seria o pressuposto da partida ou retoma a que classifica como tão almejada qualidade de ensino.
Admar Jinguma pediu reiteradamente aos dirigentes do sector da educação e do ensino para que, quando confrontado com essa súplica, não evoque desculpas imorais, pois, segundo o próprio, se se quiser dignificar essa profissão é extremamente necessário que se remunere bem o professor, para que ele possa desempenhar a sua função da melhor maneira.
“Aliás, qualquer profissional precisa ser bem remunerado, de modo a responder positivamente às exigências que a sua profissão impõe. Mas, nós ainda estamos muito longe disso”, deplorou o sindicalista.
Domingo dessa entrevista ter estado a falar de Saurimo, província da Lunda-Sul, referiu-se sobre o salário de uma auxiliar de limpeza do projecto Catoca, que, apurou, ganha 300 mil kwanzas, um ordenado quase equiparado a de um Professor-doutor, vulgo PHD, no topo da sua carreira, que chega aos 365 mil ou mais alguma coisa, no sector da educação, conforme fez questão de referir.
Outro problema por si mencionado cingiu-se nas condições de trabalho. E para demonstrar a gravidade que a falta do referido factor implica, rebuscou as palavras do malogrado técnico de futebol brasileiro, Djalma Alves Cavacanti, segundo o qual, “Tu não podes dar charuto (bolinho) aos atletas e, depois, querer exigir deles bons resultados”.
A título de exemplo, actualizado, informou que, em Saurimo, onde se encontrava em trabalho de constatação com os seus colegas do SINPROF, acabavam de ouvir de um dirigente local da educação que um professor do ensino primário trabalhava com 200 alunos, numa sala abarrotadíssima.
“No Huambo, temos turmas de aulas, em escolas do ensino primário, com 140 alunos. Em Menongue – Cuando Cubango, a situação da superlotação das salas é quase o normal”, revelou Admar Jinguma, recordando que, por lei, uma sala de aula deve ter, pelo menos, 36 alunos ou 25, quando se tratar de uma sala com turmas integradas ou integradora, que tem a ver com aquelas que albergam crianças tidas como normais e outros com algumas necessidades especiais.
Rebateu dizendo que 36 alunos, numa classe de aulas, já representa uma preocupação, sobretudo para a nossa realidade, onde a falta de meios apropriados representa outro grande problema.
“É só ver que a tipologia das salas de que me referi possui três ou quatro vezes mais alunos do que aquilo que está recomendado por lei. Com esse quadro, não é possível contrariar a insatisfação manifestada pelo Presidente da República de Angola, quando afirmou que não tínhamos um ensino de qualidade”, aludiu Admar Jinguma, que pensa não haver hipóteses científicas, enquanto não se reinverter primeiro a situação actual nas salas de aula.
Apelo à auto-superação
Consciente de que, a esperar pelos programas de superação do Governo, a maior parte dos professores, primários sobretudo, perderiam muito tempo, o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores apelou os colegas de ofício a lutarem, por si próprios, a darem continuidade às suas formações.
“Embora considere este como mais um problema do qual resulta a quebra de dignidade do docente, encorajo os colegas a fazerem um esforço, no sentido de se adaptarem a esta dificuldade, recorrendo-se ao auto-didactismo, aumentar a própria formação.
Finalmente, deplorou as críticas constantes de certas entidades afectas, directa ou indirectamente, ao Governo actual, que, segundo ele, vêm à ´praça pública´ dizer que os professores não sabem ler nem escrever, tendo questionado quem os admite nos concursos públicos.
Fonte: O País