Munícipes rejeitam cumprir medidas de isolamento social

0
1497
paragem cacuaco quarentena
Creditos: Fernando Rufino

Desde que se decretou o Estado de Emergência, a presença de pessoas nas ruas do município de Cacuaco, em Luanda, aumentou de forma assustadora, sem se perceber os reais motivos, revelou, ontem, ao Jornal de Angola o administrador da circunscrição, Acílio Jacob.

“Queremos perceber a verdadeira motivação que leva as pessoas a saírem de casa, porque desde sexta-feira que vemos muita gente na rua, quando a orientação é para se manterem dentro de casa, para se evitar a propagação do Covid-19, mas infelizmente não é isso que está a acontecer”. Para fazer face a esta situação, desde sábado, foram colocados nas ruas do município de Cacuaco forças de Defesa e Segurança, para de forma pedagógica, convencerem as pessoas sobre a necessidade de respeitarem o Decreto Presidencial, no que tange ao isolamento social e às medidas de segurança para se cortar a cadeia de transmissão do Covid-19. 

Acílio Jacob disse que a população de Cacuaco socorrem-se da parte do Decreto Presidencial que autoriza a venda ambulante de forma individual, das 6H00 às 13 horas, para justificar a presença massiva nas ruas. A julgar pela avalanche de gente que insiste em permanecer nas ruas, o administrador municipal de Cacuaco defende a inversão do quadro, sob pena de haver problemas com a população, visto que as forças da Ordem estão para fazer cumprir a medida, mas a população não obedece.

Lemba Afonso, 45 anos, é vendedora ambulante. Na manhã de hoje estava na paragem da Vila de Cacuaco, a comercializar vários produtos. A revelar conhecimento da pandemia e sobre as formas de transmissão, ainda assim foi peremptória em dizer que não consegue “ficar em casa de braços cruzados”, quando tem em mãos uma soberana oportunidade de “fazer dikomba” (ganhar dinheiro).
“Se eu ficar em casa, vou ganhar o quê?”, questionou para acrescentar “agora que tem poucas pessoas na rua a vender, o negócio acaba rápido e assim volto mais cedo junto da minha família”, disse Lemba Afonso.

Esposa de um militar das FAA, a vendedora confirma que o companheiro já recebeu o salário a semana passada, mas afirma que precisa “zungar”, porque o dinheiro não chega até ao final do mês para acudir a família em caso de necessidade. Adão Lopes trabalha num restaurante, na Ilha de Luanda. Neste momento, encontra-se fechado por conta das medidas para prevenir a propagação do coronavírus. Interpelado pelo Jornal de Angola, o cidadão disse preferir ficar na rua com os amigos, alegando não conseguir ficar em casa “a olhar para as paredes”.

“Vivo na Nova Urbanização. Durante o dia não temos luz, é um martírio ficar em casa sem fazer nada, as crianças fazem muito barulho e chateiam muito, para não lhes bater a toda hora, acho melhor ficar aqui com os meus amigos até as horas passarem”, justificou com sorriso nos lábios. Conhecedor da pandemia que assola o mundo e as formas de transmissão, Adão Lopes diz “confiar somente em Deus para o proteger”, daí afirmar despreocupado que “não tem tanta necessidade de se manter em casa feito prisioneiro”.

Por transportar mais de 10 passageiros, o taxista António Alves que faz o percurso Cacuaco/ Bengo ficou, ontem, sem a viatura de marca Toyota-Hiace, vulgo quadradinho, e a Carta de Condução, retida pela Polícia Nacional, por não respeitar a medida de distanciamento social recomendada para o interior dos meios de transporte públicos. “Sei que devia levar no máximo sete pessoas, mas como a paragem está muito cheia, não queria deixar os passageiros, quando tenho espaço na viatura”, tentou justificar o taxista, que preferiu a ganância e não respeitar o Decreto Presidencial, sobre Estado de Emergência.

Blocos 9 e 11 do Sequele sem água

Os blocos 9 e 11 da Centralidade do Sequele estão privados do fornecimento de água potável há mais de uma semana, situação que preocupa os moradores, tendo em conta a necessidade de se lavar constantemente as mãos, para a contenção da propagação do coronavírus (Covid-19).


Segundo apurou o Jornal de Angola, os moradores destes blocos que agora passam mais tempo nos apartamentos devido à medida de isolamento social, são obrigados a retirarem água dos tanques reservados para rega dos jardins.  Os moradores pedem a intervenção urgente da Empresa Provincial de Águas de Luanda (EPAL), para alterar o actual quadro porque nos demais blocos daquela centralidade, a água jorra das torneiras todos os dias.

Imagem: Fernando Rufino

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui