Meu olhar clínico às Centralidades de Luanda, com ajuda dos óculos?

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Hoje dei-me em Presidente da República. Depois em Ministro do Urbanismo e habitação. Terminei a minha missão em Governador de Luanda!

Decidi dar umas voltas pelas famosas centralidades da capital. Tipo já vista surpresa. A cor dos prédios está a bazar aos poucos. Muitos pedem renovação da pintura. Embora exista empresas de recolha de lixo, os resíduos estão amontoados em muitas ruas. O cheiro nauseabundo é o “perfume” de muitas zonas que “orgulham” os Angolanos, pois, as novas cidades são consideradas a sua vaidade. Um dos maiores ganhos na era pós independência. A água não jorrou hoje. Os moradores estão organizados em comissões. A taxa de condômino ronda os 5 a 10 mil kwanzas. É esse valor que usam para melhoria dos jardins, limpeza das zonas comuns e pagamento de trabalhadores que garantem os serviços. HÁ MUITOS KILAPEIROS! Alguns moradores não pagam a sua taxa, para a fúria dos coordenadores e dos demais moradores. Mesmo publicando a lista dos devedores, não querem saber.Até os filhos sabem que o papai é kilapeiro. As visitas também dão uma olhadela à lista colada no placard. Gozam com o Kilapeiro, mas não se importa. É caso para dizer que há gente sem vergonha na cara!
O passeio não ficou apenas pela simples observação visual. Deu tempo para dedo conversa com alguns moradores.

O QUE MAIS ME DEIXOU BOQUIABERTO E FURIOSO!

– Amigo, outros predios estão limpos, o que se passa com o seu?
– Vivemos só três famílias. Não temos capacidade para mandar limpar toda área.
– Então, há apartamentos livres?
– Livres? Nem pensar. Têm donos, mas não aparecem. Em alguns viviam umas moças, mas nunca mais apareceram. Nos demais, estamos aqui há cinco anos e não conhecemos os moradores. A Imogestin sempre nos dizia que têm donos.
– Há cinco anos fechados?
– Sim. Alguns têm suas casas noutras centralidades e não só. talvez guardam para os filhos que ainda não estão fabricados!
– Só pode. Mas então, muita gente com capacidade de pagar a renda resolúvel não consegue acesso à essas casas e há gente que ocupa apartamentos há mais de 5 anos e não mora?
– É o mesmo comentário que fazemos todos os dias
– Triste.
– Muito triste. Vocês que são jornalistas, façam essa denuncia. Uma grande reportagem sobre o assunto, obrigaria tom,ada de medida por parte do executivo. Não se consegue entender como gente consegue ter esse tipo de comportamento, quando muitos moradores até são inquilinos e pagam mais do que o valor da renda resolúvel.

OS relatos repetiram-se em quase todas as centralidades. É muita casa ocupada e sem moradores, há muitos anos!

Ai se eu fosse na realidade o Presidente da República, O ministro do Urbanismo ou o Governador, amanhã mesmo assinaria um decreto a colocar ordem nessa bagunça.

Foi com profunda tristeza que terminou o meu olhar clinico com ajuda dos óculos às centralidades da capital.

By: Fernando Metusal

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