As novas disposições legais sobre a imigração propostas pelo Parlamento, por iniciativa do Governo de Luís Montenegro, não caíram bem entre os outros Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). E se Portugal já sabe que o Brasil pretende aplicar a reciprocidade em relação aos portugueses, vai saber agora de viva voz como essa decisão foi sentida em Luanda quando o Presidente angolano, João Lourenço, chegar na sexta-feira para uma visita oficial de três dias a Portugal.
Admitindo que cada país é soberano para definir as regras de quem passa nas suas fronteiras e aí pretenda residir e trabalhar, Lourenço lembra que um país com uma história tão longa de emigração deveria pensar melhor antes de fechar as suas portas aos que imigram para Portugal.
“Você só recebe na sua casa quem você quer”, mas Portugal “é um país de cidadãos que emigram bastante e que não é de hoje”. Logo, se “os portugueses emigraram para todo o mundo, o mínimo que a gente exige é que Portugal não trate os imigrantes que escolheram Portugal como um destino para fazerem suas vidas de forma pior do que foram tratados nos países que os acolheram ao longo dos anos”, sublinhou o chefe de Estado angolano.
Na entrevista recente à CNN Portugal, Lourenço admite que irá falar do assunto nos contactos ao mais alto nível, não só em nome de Angola, também “em nome de todos os africanos”, porque não nos podemos esquecer de que ele é, nesta altura, o presidente em exercício da União Africana. Ao mesmo tempo, lembrará igualmente os compromissos assumidos por Portugal em termos da CPLP e os riscos que uma decisão destas pode trazer para o futuro da comunidade.