Gutto: “Os meus pais são angolanos, mas eu sou português e a minha cultura é esta.

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Escreveu a letra ‘Ser Negro’ debaixo da ponte 25 de Abril, sobre a experiência pessoal de entrar num espaço comercial e ser seguido, por causa da ideia de que ia cometer algum crime. O impacto dessa música mostrou-lhe que falava para uma geração inteira de jovens negros, vítimas de preconceito e racismo. Hoje, perto dos 53 anos, faz menos música, mas produz azeite e tem mais saúde desde que foi viver para o interior do país. Oiça aqui a conversa com Gutto, músico que fez história com os Black Company, popularizados pelo hit “Nadar”, e tantos outros sucessos que marcaram a década de 90.

Apresenta-se como alguém “muito fechado, muito envergonhado, e muito introspectivo”, mas que, quando sobe ao palco, transforma-se. Augusto Armada nos documentos, e Gutto na assinatura artística, o músico revela, neste episódio, que prefere estar no seu canto, longe da exposição.

“Não é uma coisa específica minha. Conheço muitos artistas que são também assim”, aponta o ex-integrante dos Black Company, pouco ativo nas redes sociais, mas cada vez mais presente no equilíbrio da vida fora dos ecrãs.

“A ida para o interior foi a melhor decisão de saúde que tomei, não só mental”, conta o improvável agricultor, hoje aos comandos da própria quinta. “Um mês depois de estar lá, a saúde física melhorou exponencialmente”, diz, completamente rendido à desaceleração dos dias. Mas mais do que fazer a ‘prova de vida’ do músico, nesta conversa percorremos alguns dos marcos da sua carreira.

A começar pelo êxito “Nadar”, passando pela composição “Ser Negro”, sem esquecer a amizade com Boss AC, parceiro de vários projetos, incluindo uma turné nacional focada na Educação e Inclusão.

Reconhecido como um pioneiro do hip-hop e do R&B em Portugal, Gutto fez história com os Black Company, popularizados pelo hit “Nadar”, e tantos outros sucessos que marcaram a década de 90.

Além da projeção coletiva, destacou-se a solo, a partir do seu “Private Show”, álbum que, em 2022, celebrou duas décadas de existência, mote para um raro espetáculo, combinado com a festa do seu 50.º aniversário.

Hoje a caminho dos 53 anos, Gutto, nascido em Luanda e educado na margem Sul do Tejo, dedica-se à formação e ao coaching comportamental, e vai matando saudades do palco com atuações pontuais.

Para trás ficou o sonho de se tornar juiz, alimentado desde os 12 anos, e reformulado a partir de uma carreira inesperada na música, que conseguiu conciliar com a licenciatura em Direito. Sempre atento ao ritmo e poesia da vida, usa as redes sociais com muita moderação, e recentemente trocou a cidade pelo campo, onde se deleita a escutar os passarinhos, a apanhar azeitonas e fruta, e a fazer azeite.

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