A falta de combustíveis em Angola, que começaram a rarear na passada sexta-feira, fez disparar os preços do litro de gasolina e gasóleo um pouco por todo o país, atingindo, nalguns casos, quase o quádruplo.
Hoje, em Luanda, grande parte dos postos de combustíveis das diferentes empresas de abastecimento estava encerrada, enquanto as abertas contam com grandes filas de automóveis ligeiros, veículos de transporte de mercadorias, táxis, motociclos e jovens com dezenas e dezenas de bidões que, depois de o adquirirem ao preço oficial, vão vendê-lo mais caro nos bairros periféricos.
Isso mesmo foi confirmado à agência Lusa por um punhado de jovens que aguardou, num posto de combustíveis de uma das principais artérias de Luanda, a Avenida Ho Chi Min, quase sete horas para encher inúmeros bidões de 30 a 50 litros que colocaram numa carrinha de caixa aberta, estacionada mais à frente.
Um litro de gasolina custa, oficialmente, 160 kwanzas (0,44 euros), enquanto o de gasóleo ascende a 135 kwanzas (0,37 euros), valores que os jovens garantiram à Lusa conseguirem duplicar, triplicar e, nalguns casos mesmo, quadruplicar no mercado paralelo.
Os táxis de Luanda, à semelhança do que está a acontecer noutras províncias de Angola, duplicaram o preço das tarifas (de 100 para 200 kwanzas – de 0,27 para 0,54 euros), estando a circular um número substancialmente inferior ao habitual – são cerca de 24.000 os que circulam diariamente na capital angolana.
No sábado, num comunicado, a Sonangol, principal distribuidora de combustível em todo ao país, admitiu a falta de gasolina e de gasóleo, garantindo, porém, que a situação será ultrapassada em breve, havendo a perspetiva de regularização até quarta-feira.
No documento, o único difundido até hoje, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola – Sonangol EP referiu que a empresa se viu com dificuldades no acesso às divisas para a cobertura dos custos com a importação de produtos refinados, uma das razões que levaram à escassez de gasolina e gasóleo em todo o país.
A Sonangol EP adiantou que procede à importação de derivados mediante pagamento em divisas para venda no mercado nacional em kwanzas.
Outro fator está relacionado com a elevada dívida dos principais clientes do segmento industrial que, segundo a Sonangol EP, consome cerca de 40% da totalidade do combustível e cuja falta de pagamento condiciona também a disponibilidade de kwanzas para a aquisição de moeda estrangeira.
Por outro lado, as avarias sistemáticas nos navios de cabotagem, sendo que cada anormalidade no abastecimento implica um período para a reposição da rotina dos mercados, é outro problema apontado pela Sonangol.
Associados a estes fatores existem outros como o estado técnico das estradas nacionais, que condicionam o abastecimento por esta via, única alternativa para algumas regiões do país, assim como as condições atmosféricas que, em determinados períodos, dificultam a atracação dos navios, lê-se na nota.
Não obstante a situação, a Sonangol assegurou “total e permanente empenho” na regularização dos mercados, garantindo ter já efetuado o pagamento aos fornecedores de produtos importados, estando, desde sábado, em processo de descarga de quantidades suficientes para repor as condições de abastecimento.