As principais paragens de táxi da cidade de Luanda têm estado, a cada dia que passa, mais abarrotadas. A situação torna-se mais crítica às noites, porque muitos taxistas param os serviços às 18h00, devido ao Decreto Presidencial sobre as novas medidas da Situação de Calamidade.
A nossa equipa de reportagem constatou ontem que em paragens de várias artérias da cidade capital, como as do Zamba II, Multiperfil, Vila da Gamek, do Golf II, Largo das Escolas, do 1º de Maio, do Calemba II e do Benfica, mais de mil passageiros, cansados de tanto esperar, optaram por caminhar.
“Como é possível que num país como o nosso, com défice de transportes públicos, os taxistas, vulgo candongueiros, que têm dado “grande ajuda” aos munícipes, são obrigados a parar os seus serviços às 18h00?”, interrogou-se Rosa Sapalo, acrescentando que os trabalhadores que largam às 17h00 e vivem distante, como o seu caso, vive em Viana e trabalho no Benfica, têm grandes dificuldades para regressar à casa. O secretário-geral da Associação dos Taxistas de Luanda (ATL), Leonardo Lopes, aconselha os associados a evitar rotas curtas. Acrescentou que a ATL realiza amanhã, no mercado do Kikolo, uma campanha de distribuição de máscaras faciais e de álcool em gel, bem como de sensibilização da população no sentido de cumprir as medidas que visam evitar a propagação da Covid-19.
Leonardo Lopes denuncia a atitude de alguns agentes da Ordem Pública, que, nesta fase de Situação de Calamidade, arranjam artimanhas para extorquir dinheiro aos taxistas. O secretário-geral da Associação dos Taxistas de Luanda manifestou o desejo de ver o Executivo a abrir excepção, para que os taxistas possam trabalhar pelo menos até às 19h00. “É duro e triste ver as paragens cheias e pessoas a caminhar longas distâncias, sem nada podermos fazer para ajudar”.
Segundo o responsável da ATL, as enchentes nas paragens devem-se, também, ao facto de muitos taxistas preferirem parar as viaturas, por “serem constantemente molestados por agentes da Ordem Pública”.