Com 17 bairros, aproximadamente 30 mil habitantes e uma extensão de 580 quilómetros quadrados, a circunscrição carece de infra-estruturas sociais e económicas robustas, que possam, a médio ou médio prazos, maximizar o potencial turístico local.
Apesar de ser uma das zonas mais visitadas da capital do país, a Barra do Cuanza debate-se com vários problemas, desde o deficiente fornecimento de água e energia, até ao mau estado das estradas.
A zona só dispõe de uma via asfaltada, a EN-100/sul, entre o Morro dos Veados e a Ponte da Barra do Cuanza, a partir da qual se aprecia a beleza dos seus pontos turísticos, com realce para o Miradouro da Lua.
Apesar dos inúmeros problemas, a circunscrição continua a ser um local de referência para os turistas, que encorajam as autoridades locais e trabalhar com maior afinco para atraírem os investidores privados.
A Barra do Cuanza tem uma diversidade de locais de interesse, como o monumento Cruz Gigante, a Casa dos Cipaios e uma cadeia, onde, em 1961, a polícia colonial portuguesa encarcerava os presos políticos.
A Cruz Gigante, erguida por Paulo Dias de Novais, no século XVI, para vigiar as caravelas holandesas, tem cerca de dez metros de comprimento, e está localizada no ponto mais alto da sede comunal.
De acordo com o morador João Pedro, que vive há mais de 50 anos na região, muitos políticos morreram no interior desta cadeia, daí a mesma ter grande simbolismo e merecer maior investimento das autoridades.
Além desses pontos, a Barra do Cuanza possui um embarcadouro, com um navio cruzeiro hotel, de médio porte, utilizado, até 2017, para passeios turísticos no Corredor do Kwanza (Barra do Cuanza/Quiçama/Dondo, entre Luanda e o Cuanza Norte.
Miradouro da Lua
Entre tantos locais de interesse, o Miradouro da Lua consolida-se como um dos mais visitados daquela zona turística da província de Luanda, sobretudo depois da sua requalificação.
O Miradouro é um conjunto de falésias, resultante da erosão provocada pelo vento e pela chuva, que cria uma paisagem de tipo lunar.
Há três anos, antes de ser requalificado, recebia, mensalmente, pelo menos 300 turistas, mas hoje, a média é de mais de 700 por semana.
Conforme Paulo Augusto, gestor do Miradouro da Lua, o aumento de visitantes deve-se ao facto de o local apresentar infra-estruturas turísticas adequadas, em termos físicos e de segurança, além de ser um ponto privilegiado para apreciar a paisagem de Luanda.
As visitas registam-se mais aos finais de semana, preferencialmente por viajantes que utilizam a EN-100, banhistas que se dirigem às praias da Barra do Cuanza ou Cabo Ledo, grupos de estudantes, associações, instituições públicas e privadas, assim com fiéis de algumas igrejas.
O espaço, que esteve abandonado durante longo período, apresenta, actualmente, um cenário diferente e bastante convidativo. Com o problema de ravinas estancado, ganhou infra-estruturas em madeira, trabalhada no local, e zonas circulares de protecção.
No local foi, igualmente, instalado um posto de informação de energia, parque de estacionamento, quiosque, observatório periférico, quartos de banho, asfalto, e piso em brita, numa área de 16,78 metros quadrados.
Para chegar ao Miradouro, paga-se uma portagem de 500 kwanzas, montante que, no entender de muitos visitantes, devia ser melhor usado para a reabilitação e modernização do espaço.
Segundo o morador João Jamba, os investimentos público-privados deveriam ser reactivados naquele espaço, tendo em vista a criação de mais postos de trabalho para os munícipes locais.
Com efeito, a administração municipal de Belas está a promover a concessão de terrenos para investimentos privados, no domínio turístico, como forma de incentivar a classe empresarial.
Pretende-se com isso, encorajar a construção de dois hotéis adjacentes aos centros turísticos do Museu da Escravatura e Miradouro da Lua.
O projecto prevê, igualmente, investimentos junto ao rio Curinge, um afluente do rio Cuanza, localizado na comuna com mesmo nome, visando a promoção de safaris de barco e outras actividades recreativas.
Sobre esses e outros investimentos, o administrador comunal, Dilcio Ramos, disse que está optimista em relação ao futuro da circunscrição.
Segundo a fonte, a administração conta com o apoio de todos os empresários determinados em alargar a carteira de investimentos, visando transformar a zona da Barra do Cuanza num verdadeiro ponto de turístico, que ajuda a fomentar o emprego.
O nome Barra do Cuanza vem da foz do Kwanza, o maior rio angolano, com um curso de 960 quilómetros, com grandes curvas do norte para o leste. Nasce em Mumbué, município do Chitembo, província do Bié, e desagua no Oceano Atlântico. JG/AC/VM