Mais de duas dezenas de vendedoras ambulantes, vulgo “zungueiras”, vendem produtos alimentares no interior da Centralidade do Kilamba sem máscaras, o que é um incumprimento às medidas de biossegurança para a prevenção da Covid-19.
A venda de produtos alimentares na Centralidade estava proibida pela Administração, alegadamente, para evitar uma concorrência desleal com os comerciantes das unidades formais.
A fase de confinamento está a ser aproveitada pelas “zungueiras” para realizar o comércio informal na Centralidade. As vendedoras são vistas, amiúde, com bacias de peixe, hortícolas, frutas, às voltas pelos quarteirões.
“É carapau fresco, carapau fresco”, gritam logo pela manhã, irrompendo o silêncio. Maria Fátima é uma delas e vende sem máscara. Diz que aproveita a fase em vigor para vender o pouco que transporta. “Aqui há muitos clientes”, disse.
Maria Fátima prefere vender o peixe lambula, que, financeiramente, adapta-se a ela e à maioria dos clientes. Ela faz o negócio a escassos metros de uma cantina.
Do outro lado da rua está Maria Catarina. É outra vendedora de frutas. Passa com a sua máscara pendurada ao pescoço. “Quero algum dinheiro para comprar comida”, justifica-se, acrescentando que “alimentar a família é o nosso principal objectivo”.
Ao lado está a jovem Feliciana, com uma bacia cheia de múcua. Também tem a Cidade do Kilamba como zona de eleição para zungar. Anteriormente, a sua actividade comercial era feita no seu “Povoado”, no outro lado da Centralidade.
O Kinito, proprietário da cantina, vezes sem conta fica enfurecido, chegando mesmo a pedir que as “zungueiras” se afastem do seu estabelecimento. “Pago taxa e renda ao Estado e vocês vendem à vossa maneira. Assim não funciona”, reclama.
A moradora Palmira Gaio defende, entretanto, que essas incansáveis trabalhadoras, apesar da imprudência, reduzem distâncias e a deslocação de pessoas, que iriam aos mercados.
“Nesta fase de confinamento, para evitar andar, o papel das senhoras é bom. Mas, devem estar protegidas”, observou.
A presença das zungueiras é, contudo, contrariada por Joaquim Franco, que considera uma invasão e perturbação, por causa dos gritos a anunciar o produto.
“Acho que devia se evitar a entrada das ‘zungueiras’ aqui. Já temos cantinas e supermercados. Além disso, não acrescentam valor à base tributária”, sustentou.