Em causa está a indisponibilidade dos actuais accionistas daquele banco privado recorrerem ao aumento de capital para Kz 7,5 mil milhões, conforme determinado pelo BNA, em Março do presente económico. O economista Alves da Rocha diz que medidas como estas podem aumentar a confiança dos investidores e dos clientes bancários
POR: Hélder Caculo
O Conselho de Administração do Banco Nacional de Angola deliberou a adopção de medidas de saneamento do Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC), que culminaram na suspensão da sua administração, bem como na nomeação de administradores provisórios para a referida instituição bancária. A informação foi avançada na tarde de ontem pelo BNA, em comunicado de imprensa a que o OPAÍS teve acesso. No documento, o banco central esclarece que a intervenção prevê “garantir a protecção dos depositantes e o cumprimento das demais responsabilidades do BANC”, mas também para “assegurar a estabilidade do sistema financeiro nacional”.
O cenário repete-se pela segunda vez na história recente da banca angolana, depois do saneamento aplicado em 2015 ao então Banco Espírito Santo Angola (BESA), devido ao volume de crédito malparado (actual Banco Económico). Na visão do economista Alves da Rocha, a medida espelha uma das responsabilidades do BNA enquanto autoridade monetária central, de manter o sistema bancário “despoluído”, o que pode dar mais confiança aos investidores e aos depositantes.
“Se o sistema bancário não estiver despoluído ou não funcionar com as garantias que devem ser dadas, naturalmente, haverá prejuízos para a imagem do país no exterior, o que pode inibir a fluidez do crédito e dos investimentos privados”, considerou. Para o economista, em última instância, caso se comprove a incapacidade de algumas instituições bancárias de se manterem no mercado, a solução pode ser a promoção de fusões. “Se temos bancos que não conseguem atrair depósitos e investidores, penso que uma das saídas será a promoção de fusões, com vista ao reforço do sistema bancário. Claro que a isso devemos associar outros factores, como a taxa de investimento e a taxa de poupança”, frisou.
BANC à procura de novos accionistas
Recentemente, o BANC anunciou (sem sucesso por enquanto) a criação de uma comissão de negociação para atrair investidores no mercado interno e externo para que fiquem com 30% ou mais do seu capital social. Como o capital social do BANC é de Kz 4,3 mil milhões, se a instituição aumentar o capital social para Kz 7,5 mil milhões, o maior accionista do banco, o governador do Cunene, Kundi Paihama, dilui a participação de 80,27% para 46,3%, e os restantes accionistas diluem para 11,6%. A partir de Janeiro de 2019, os bancos estão obrigados pelo BNA a ter um capital social mínimo de Kz 7,5 mil milhões.
Saneamento durará seis meses
A coordenação da implementação das medidas extraordinárias de saneamento naquele banco será assegurada por administradores provisórios nomeados pelo BNA, com um mandato inicial de seis meses.“O BNA reitera que com essa intervenção, não se alteram as relações de negócios do BANC com os seus clientes, garantindo, igualmente, a segurança dos depósitos mantidos junto dessa instituição financeira bancária”, lê-se.“As medidas de saneamento visam a reposição dos termos de sustentabilidade financeira e operacional do banco, harmonizando-as com as normas vigentes para o exercício da actividade comercial bancária no país”, refere o BNA.